domingo, 31 de maio de 2009

Envelhecer

“ Você era muito melancólica.”
“Noossaaa!! Eu devia ser insuportável! Como vcs conseguiam ser minhas amigas?”
“Eu te via como uma menininha frágil, que precisava ser cuidada. A gente te ama!”
“Mas o que me chama atenção é que com o crescimento você está ficando mais leve, menos melancólica, menos nostálgica, menos pesada.”
Esse é o trecho de uma conversa no MSN entre eu e uma amiga que me conheceu aos 12 anos e estudamos juntas por 3 anos. Ela estava me analisando e eu estava refletindo sobre isso e fiquei pensando no “envelhecer”. Tá, eu sei que é cedo pra pensar no meu envelhecimento, mas não é nada disso! Cá com meus botões, estava pensando: então se eu estou perdendo a melancolia que eu tinha há dez anos, provavelmente eu seria uma velhinha bem risonha e feliz!
Como a velhice deve mudar a cada geração... Hoje minhas avós em torno dos seus 70/80 anos, são duas pessoas completamente diferentes, mas com o passado parecido. Ficaram em casa cuidando da casa e dos filhos, nunca trabalharam fora (não que eu saiba), nunca tiveram uma vida intelectual e a vida social sempre se resumiu aos ciclos ligados à família. É a única geração da terceira/ melhor/pior -ou que quer que seja – idade que eu conheço. Como será que a geração dos meus pais vai envelhecer? Minha mãe, psicóloga, pós-graduada, sempre trabalhou fora e não largou tudo depois que os filhos nasceram. Com a idade dela, minha avó já era avó. Com a minha idade, minha mãe se casou com meu pai. Assustador como as coisas mudam! Imagina eu, casar aos 23!!! Não imagino minha mãe com a passividade de minha vó, ficando em casa o dia todo, saindo apenas para o necessário. E não dá nem pra imaginar a velhice da minha geração.
Acho que, há algumas gerações, já não envelhece mais. Não no sentido de parar. Não sei explicar bem, mas não vejo as pessoas parando de trabalhar, de criar, de viver como se a idade não pesasse nada. Mulheres de 60 anos, que há 30 anos atrás seriam “vovozinhas” e se comportariam como tais ( visualize a imagem da vó na cadeira de balanço, cabelo preso num coque, fazendo tricô ou crochê e assistindo à novela das seis), mas hoje, mulheres de 60 anos competem namorado comigo! Sem exageros, perdem a idade, às vezes a cara e a identidade também. Mas isso já é assunto pra outra prosa...
Como você quer envelhecer? Eu quero ter histórias pra contar pros meus filhos, netos e bisnetos (e porquê não?). Não quero ser daquelas que só assiste novela e faz comida. Quero cozinhar sim, talvez assistir novela, mas quero mais. Quero viajar, quero jogar xadrez, buraco e sueca. Ler e continuar escrevendo.
Obrigada Prit, por me dar uma perspectiva tão boa do meu futuro em uma simples conversa cotidiana online!

sexta-feira, 29 de maio de 2009

What About Jú

Eu sou desbloqueada. Não bloqueio fotos, não escondo recados, cartas, sentimentos. Me abro, me mostro, me exibo e não me deixo invadir. Sou do palco, do riso, da palhaçada, das lágrimas, da intensidade. Guardo minha privacidade e minha intimidade, mas não me escondo, não tenho medo de mostrar quem sou. Não tenho medo de inveja, olho gordo, da reprovação alheia, da solidão ou da morte. Não me prendo, sou livre. Me soltei da única coisa que me prendia no dia em que nasci, do cordão umbilical de minha mãe, depois disso nada mais me prendeu de verdade, nem mesmo minha própria mãe. Não que eu seja fria, ao contrário, a intensidade de meus sentimentos me consome, me instiga, me traz vida. Me jogo, me entrego, admiro, divido,pertenço, poetizo. Mas já não me prendo e ao primeiro sinal de controle ou posse, me desgarro, vou-me embora. Sou do mundo, de mim mesma e de mais ninguém. Sem dono, sem destino certo,dos imprevistos, das mudanças, das incertezas, das convicções, das palavras, das idéias e dos sentimentos.