terça-feira, 4 de agosto de 2015

Desabafo sobre o direito de usar pijamas

Tristeza é começar a escrever um post que tá indo super bem e lá pelo terceiro parágrafo você esbarra num botão e perder tudo. Not cool!

Em uma tentativa de pôr um pouco de ordem aqui em casa (somos 5 adultos dividindo o mesmo apê!), comprei um livro sobre organização e como eu sou muito antenada e só fico sabendo das coisas depois de todo mundo, óbvio que eu nem sabia que se tratava de um best-seller.
Segundo a mocinha que escreveu o livro, ela tem um método infalível para manter sua casa arrumada para sempre. Para sempre? Como eu não acredito em plano infalíveis, pois cresci vendo o Cebolinha apanhar muito da Mônica, eu não acreditei no que aquela moça me prometia, mas resolvi dar uma chance. A ideia era pegar algumas dicas de organização que eu conseguisse aplicar na minha vida, sem me tornar uma neurótica compulsiva por arrumação em com TOC em diferentes níveis (sabemos que esse é um risco que eu não corro, pois sou bagunceira à beça!).
Estava tudo correndo bem, dentro dos conformes e eu já tava até compartilhando algumas dicas com o pessoal aqui de casa quando, lá no último parágrafo da página 63 me deparo com a seguinte pérola:
“ As mulheres devem vestir peças femininas e elegantes para dormir (...). Sim, dormir com roupas velhas é confortável, mas não é nem um pouco atraente – e isso tem um enorme impacto em sua autoimagem e, consequentemente, em sua autoestima. ”
(Marie Kondo- A mágica da arrumação – A arte japonesa de colocar ordem na sua casa e na sua vida)
Acredito que ela deve saber do que fala quando se trata de organização, mas eu tô até agora tentando entender o que a roupa que eu visto pra dormir tem a ver com minhas habilidades de manter uma casa arrumada. E, ainda pior, quem é você, moça que nunca me viu na vida, pra me dizer como eu sou sexy ou não e qual roupa eu devo vestir pra dormir?
Esse trecho do livro foi tão impactante que eu simplesmente não consegui ignorar e continuar a leitura. Não me considero nenhuma feminista radical, não sou associada a nenhum movimento, mas eu fiquei pensando em mil coisas e no quanto as palavras de uma autora de best-seller podem influenciar mentes minimamente vulneráveis.
Primeira coisa: autoimagem e autoestima são conceitos relativos. Toda mulher gosta de se sentir bonita e confiante, mas será que todas se sentem assim ao usar roupas "elegantes" pra dormir? Eu espero o ano inteiro pra usar meu pijama de flanela estampado com ovelhinhas (ooiiin) e se eu ainda não usei ele pra dormir com meu namorado foi por falta de frio.

Ursinhos Carinhosos, Flinstones, Mafalda e Ovelhinhas: Minha coleção de pijamas sexy!

Segunda coisa: ninguém tem o direito de te dizer o que é certo ou errado pra você se sentir bem. Se você é feliz usando make todo dia, ótimo! Se você é feliz de cara lavada todos os dias, ótimo também! Isso vale para tudo: salto alto, camisolas sexies, maquiagem, roupas e mil outras coisas do universo feminino que não precisam fazer parte do universo de cada mulher por aí.
Terceira coisa: aceite-se e se ame muito! Se tem um único conselho que me sinto no direito de dar é esse, porque ele vai ser muito útil durante toda a sua vida. Todo mundo tem coisas que gostaria de mudar, seja no seu corpo ou na sua vida de um forma geral e tem dias que a gente tem vontade de quebrar os espelhos por aí. Mas o que temos mesmo que quebrar são os estereótipos, as forminhas já prontas onde a gente passa a vida tentando se encaixar em alguma (ou algumas) dela (s).

Eu sendo muito feliz com meu pijama de ovelhas

Quarta coisa: já que estamos falando de tolerância, vale lembrar que a moça que  escreveu o livro é japonesa e lá existe uma coisa muito forte sobre como as mulheres devem ser femininas. Eu respeito (e adoro) muito as diferenças culturais que existem por aí nesse mundão maravilhoso, mas acho que se o livro foi traduzido e levado a vários países, inclusive ocidentais, valia a pena manter o texto só na parte de "como organizar sua casa".
Resumindo bora ser feliz, cada um do seu jeito, cada um com suas manias.

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