Tristeza é começar a escrever um post que tá
indo super bem e lá pelo terceiro parágrafo você esbarra num botão e perder
tudo. Not cool!
Em uma tentativa de pôr um pouco de ordem aqui
em casa (somos 5 adultos dividindo o mesmo apê!), comprei um livro sobre
organização e como eu sou muito antenada e só fico sabendo das coisas depois de
todo mundo, óbvio que eu nem sabia que se tratava de um best-seller.
Segundo a mocinha que escreveu o livro, ela tem
um método infalível para manter sua casa arrumada para sempre. Para sempre?
Como eu não acredito em plano infalíveis, pois cresci vendo o Cebolinha apanhar
muito da Mônica, eu não acreditei no que aquela moça me prometia, mas resolvi
dar uma chance. A ideia era pegar algumas dicas de organização que eu conseguisse
aplicar na minha vida, sem me tornar uma neurótica compulsiva por arrumação em
com TOC em diferentes níveis (sabemos que esse é um risco que eu não corro,
pois sou bagunceira à beça!).
Estava tudo correndo bem, dentro dos conformes e
eu já tava até compartilhando algumas dicas com o pessoal aqui de casa quando,
lá no último parágrafo da página 63 me deparo com a seguinte pérola:
“ As mulheres devem vestir peças femininas e
elegantes para dormir (...). Sim, dormir com roupas velhas é confortável, mas não
é nem um pouco atraente – e isso tem um enorme impacto em sua autoimagem e,
consequentemente, em sua autoestima. ”
(Marie Kondo- A mágica da arrumação – A arte
japonesa de colocar ordem na sua casa e na sua vida)
Acredito que ela deve saber do que fala quando
se trata de organização, mas eu tô até agora tentando entender o que a roupa
que eu visto pra dormir tem a ver com minhas habilidades de manter uma casa
arrumada. E, ainda pior, quem é você, moça que nunca me viu na vida, pra me
dizer como eu sou sexy ou não e qual roupa eu devo vestir pra dormir?
Esse trecho do livro foi tão impactante que eu
simplesmente não consegui ignorar e continuar a leitura. Não me considero
nenhuma feminista radical, não sou associada a nenhum movimento, mas eu fiquei
pensando em mil coisas e no quanto as palavras de uma autora de best-seller
podem influenciar mentes minimamente vulneráveis.
Primeira coisa:
autoimagem e autoestima são conceitos relativos. Toda mulher gosta de se sentir
bonita e confiante, mas será que todas se sentem assim ao usar roupas
"elegantes" pra dormir? Eu espero o ano inteiro pra usar meu pijama de flanela
estampado com ovelhinhas (ooiiin) e se eu ainda não usei ele pra dormir com meu
namorado foi por falta de frio.
Ursinhos Carinhosos, Flinstones, Mafalda e Ovelhinhas: Minha coleção de pijamas sexy!
Segunda coisa: ninguém tem o direito de te dizer o que é certo ou errado pra você se sentir bem. Se você é feliz usando make todo dia, ótimo! Se você é feliz de cara lavada todos os dias, ótimo também! Isso vale para tudo: salto alto, camisolas sexies, maquiagem, roupas e mil outras coisas do universo feminino que não precisam fazer parte do universo de cada mulher por aí.
Terceira coisa: aceite-se e se ame muito! Se tem um único conselho que me sinto no direito de dar é esse, porque ele vai ser muito útil durante toda a sua vida. Todo mundo tem coisas que gostaria de mudar, seja no seu corpo ou na sua vida de um forma geral e tem dias que a gente tem vontade de quebrar os espelhos por aí. Mas o que temos mesmo que quebrar são os estereótipos, as forminhas já prontas onde a gente passa a vida tentando se encaixar em alguma (ou algumas) dela (s).
Eu sendo muito feliz com meu pijama de ovelhas
Quarta
coisa: já que estamos falando de tolerância, vale lembrar que a moça que
escreveu o livro é japonesa e lá existe uma coisa muito forte sobre como as
mulheres devem ser femininas. Eu respeito (e adoro) muito as diferenças
culturais que existem por aí nesse mundão maravilhoso, mas acho que se o livro
foi traduzido e levado a vários países, inclusive ocidentais, valia a pena
manter o texto só na parte de "como organizar sua casa".
Resumindo bora
ser feliz, cada um do seu jeito, cada um com suas manias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário